O Cotidiano Sem Ele
O tempo passou, mas ainda ecoa o som da chave girando na porta, o riso fácil no final da tarde, o cheiro do café coado por duas mãos que sabiam esperar. O cotidiano sem ele é feito de silêncios que antes eram preenchidos por conversas bobas, conversas sérias e risos, comentários sobre o tempo, planos para o fim de semana. Agora o tempo corre de outro jeito, mais lento em alguns dias, mais duro em outros. Os objetos continuam no lugar de sempre, mas perderam a alma. A xícara preferida, a poltrona gasta, o livro deixado aberto na estante – tudo parece esperar um retorno que não virá. E mesmo assim, há beleza em continuar. Há coragem em manter as flores vivas, em abrir a janela toda manhã, em preparar o almoço com uma pitada de saudade e lembrança. O cotidiano sem ele não é ausência completa – é presença transformada. Ele vive nos gestos que aprendi, nas palavras que me ensinou, nos silêncios que agora também são meus. O amor, mesmo sem corpo, segue sendo abrigo. E a vida, com to...