Doente de Mim
Acordei com o peso do mundo inteiro em cima de mim. E não era exagero, não. Era exatamente isso: o mundo tinha me engolido e resolvido fazer morada nas minhas costas, como se eu fosse uma tartaruga emocional. O despertador gritava na cabeceira, anunciando mais um dia inútil de luta contra o meu pior inimigo: eu mesma. Minha rotina começava sempre do mesmo jeito. Abria os olhos e pensava: Por que não desligaram a fábrica de almas na fila errada? Depois me lembrava que, na verdade, até tentei pedir o reembolso, mas a política divina não aceita devoluções. O que me restava? Encarar mais um dia com a graça de uma lagarta que nunca vai virar borboleta. Me levantei da cama e fui direto ao espelho. Encarei aquela figura pálida e desgrenhada. A imagem me devolvia um olhar de recriminação, como se dissesse: Você de novo? Balancei a cabeça e respondi baixinho: — Pois é, minha filha. Também não estou feliz com isso. Decidi que precisava fazer algo diferente. A monotonia estava me matando mais rá...